Os maiores, os melhores, os mais conhecidos, os primeiros, os únicos... camarim, platéia, espectadores, espetacular, espetáculo! “Foi um sucesso de público!”, “não tinha mais lugar para as pessoas assistirem!”.
Não, não é de um espetáculo de teatro ou de circo que eu estou falando. Poderia ser, mas não é. As bizarrices do circo? Sim, estão presentes. As luzes, a cena, a maquiagem e as máscaras do teatro? Sim, estão presentes. Mas estou falando de igrejas, não de teatro ou circo, se bem que é uma afronta aos artistas do circo e do teatro chamar a tais igrejas de casas de espetáculos. Mas é o que elas tem sido.
Alguém já ouviu falar em “Show da Fé”, “Cultos Maravilhosos”? O que é isso em se tratando de igreja? Que sujeira capitalista é essa contaminando o culto da simplicidade dos pardais e dos lírios do campo?
O que é ter “sucesso de público” quando está se falando de crentes, de gente sedenta da verdade, de filhos e filhas de Deus?
O que é ser o maior, quando o “maior” deve ser o menor, o servidor, como a criança não-cidadã da era apostólica? (Mt 18:1-5)
O que adianta as luzes direcionadas, as melodias mântricas, as cores estudadas do Templo para hipnotizar, facilitar o bitolamento e o emburrecimento do povo?
Como perguntei, volto a perguntar: Em que lata de lixo lançaram o Evangelho, o da simplicidade que transforma a vida e que faz o mundo se reformar?
Em 31 de Outubro celebramos 492 de Reforma Protestante. Tais igrejas sabem o que isso significa? Sabem pelo que lutaram Lutero e Calvino? Sabem que sangue inocente foi derramado para que a benção não fosse mais vendida, para que a prosperidade, a saúde, a riqueza não fossem oferecidas como produtos nas vitrines das pseudo-catedrais do consumo?
Pro lixo com os ossos de Lutero e Calvino! Eles atrapalham o mercado da fé, o espetáculo circense da igreja, que se perdeu em meio à venda de si mesma ao mundo. Igrejas que surfam nas ondas do mercado, que oferecem os maiores atrativos aos seus consumidores, ludibriados com a ideologia perversa de exploração do mundo. Vende-se fé como se vende cocaína nos morros cariocas. Essa “fé”, que é depositada no que se pode conquistar e não no Deus Conquistador e Vencedor, é “fé” que cheira mal. Viciante. É ópio, anestesia para a realidade do mundo. Fuga das próprias misérias.
E sabe quem compra? Miseráveis que negam sua própria miséria, que crêem num mundo inexistente, onde a sua própria miséria transmuta-se em vitória, “maravilha” e show.
O cristianismo, Cristo, nos chama para fugir da espetaculosidade da vida, dos nossos próprios shows de mentiras, da fuga das nossas misérias. É reconhecendo a própria miserabilidade, despertando para a mesma, que se sai dela. Luzes, mantras, danças, cores, luxos e espetáculos anestésicos não nos tiram das nossas próprias misérias.
E é da miséria do povo que tais igrejas sobrevivem. Mantendo uma ideologia perversa. Ideologia pervertida de gafanhotos migradores e cortadores, que limpam as carteiras dos que estão deixando-se corromper por tal ideologia.
Enquanto isso, aproveitando-se da burrice e hipnose do povo, seus líderes enriquecem... Macedos, Soares, Hernandes, Terras-Novas e Silvas estão com suas contas bancárias abarrotadas, ganhando este mundo para si mesmos, com sua mente cauterizada pelo erro e aperfeiçoando mais e mais sua técnicas de enganação do povo que perece por falta de conhecimento, e que se ilude com as riquezas transitórias desse mundo.
Show, nada mais do que Show, dos melhores, dos maiores e mais bem feitos... de dar inveja às mais tradicionais companhias de teatro do Brasil (será?). E nada de Evangelho! Pés descalços jamais, humildade? Nunca!
Simplicidade, tal como a dos pardais? Pra quê? Isso não é vendável!
E assim prossegue o eterno ciclo dos circos dos horrores evangélicos, enchendo-se cada vez mais, inchando e abrilhantando ainda mais as vaidades dos que querem provar que ainda são os melhores, maiores, e mais competentes, ainda que tudo isso seja mera ilusão, que o Senhor fará cair pelo sopro do seu Espírito.
Que o Senhor, que rejeita o que o homem é por fora, mas sabe quem somos por dentro, de verdade, liberte o seu povo desse mercado da fé, dessa falácia que usa o nome de igreja cristã, mas que no fundo nada mais é que um grande supermercado, onde se compra de tudo, menos a benção do Deus Verdadeiro.
Amém.
Gustavo,
Servo.