A despeito de qualquer crítica que possamos ter às Paradas do Orgulho LGBT e ao movimento LGBT no Brasil, como um todo, o manifesto a seguir é digno de leitura. Peço que repassem a todos os seus amigos. Trata-se da atitude arbitrária e completamente anti-democrática, ocorrida no domingo, 11 de outubro de 2009, na cidade de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. O prefeito da cidade impediu que fosse realizada a 4ª edição do evento, oferecendo à população desculpas moralistas e relacionadas a uma suposta aliança com grupos evangélicos (argh!) da cidade. Leiam, repassem e deixem seus comentários nas reportagens sobre o cancelamento da parada nos links que seguem:
Reportagem do Jornal O Globo
Reportagem do portal G1
Comentem também no site oficial da cidade, na seção Fale com o Governo!
A gente não quer só comida!
Manifesto contra o cancelamento da Parada LGBT de Duque de Caxias
Manifesto contra o cancelamento da Parada LGBT de Duque de Caxias
A Comunidade Betel do Rio de Janeiro, organização religiosa da qual sou membro, preparou-se hoje para militar pela Inclusão Cristã da população LGBT na cidade de Duque de Caxias, através da 4ª edição da Parada do Orgulho LGBT da cidade (que já é considerada a segunda maior do Estado, atrás da de Copacabana) e qual não foi minha surpresa ao chegar ao local! O evento estava cancelado!
A Avenida Brigadeiro Lima e Silva, onde ocorreria o evento, estava lotada. Os carros de som estavam preparados, a população em massa, concentrada. Milhares de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros reunidos, mas não puderam caminhar porque o prefeito da cidade, José Camilo Zito dos Santos, impediu o acontecimento do evento.
Ora, a fama de coronel do dito prefeito já é conhecida de velha data. Com seu discurso de cunho populista, muito mal acabado, conseguiu se eleger ano passado novamente, após um recesso de 4 anos que interrompeu seu duplo exercício na prefeitura, após os 8 anos ininterruptos em que se manteve no poder executivo da cidade. Entretanto, a resposta deste cidadão (?) ao povo que o elegeu não possui outra palavra senão TRAIÇÃO. Zito traiu o pacto que todo governante precisa ter com o seu povo. Isto porque, em uma democracia, o que é do povo é do povo! Não há líder político algum que pode impedir. E os direitos da população LGBT são algo que está sendo reivindicado pelas lésbicas, pelos gays, pelos bissexuais e transgêneros de Duque de Caxias, cidadãos e cidadãs e pagam seus impostos, muitos dos quais sem possuir o luxo e a riqueza que o seu Excelentíssimo Coronel-Mor possui. Zito dá migalhas a porcos! Zito acha que os cidadãos e cidadãs caxienses merecem não mais que ruas enfeitadas de azul e amarelo, meio-fios pintados de um mostarda sem-graça e sem sabor, pontos de ônibus redesenhados e instalados sem necessidade, asfalto, show e obra. Não, prefeito, como diz a canção, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte (...) a gente quer saída para qualquer parte (...) a gente quer bebida, diversão, balé (...) a gente quer a vida como a vida quer”. Mas a nossa vida tem sido ceifada por não poucos homofóbicos – classe da qual o senhor sem dúvida participa – que, se não atuam diretamente, apoiam a prática homofóbica, inclusive porque se omitem diante dela.
Qual o motivo para impedir a 4ª Parada LGBT de Duque de Caxias? A resposta veio ainda durante a concentração do evento: o prefeito se mancomunou com um grupo de evangélicos da cidade, os quais lhe teriam prometido aliança para sua futura candidatura ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. E o que vem dessa corja evangelical não poderia ser algo diferente do que a condenação dos LGBT’s, não apenas ao Inferno, mas ao inferno que é viver à margem da sociedade, com seus direitos negados, alijados dos privilégios que sempre foram ostentados pelos heterossexuais (como o direito à liberdade de amar a quem quiser, o direito de beijar quem quiser, o direito de feliz, de dar carinho, de viver a vida como a vida quer...). Este motivo, contudo, não é oficial, mas é provável que tenha seu fundo de verdade, sobretudo se considerarmos a ambição do prefeito em questão. Contudo, o que há que se analisar é o pronunciamento oficial da Prefeitura, que é sobre ele que geramos os nossos argumentos e podemos nos posicionar. O prefeito impediu a Parada LGBT porque o evento causa muitos transtornos à cidade, e que os homossexuais fazem gestos obscenos em público. Em primeiro lugar, gostaria de informar a todos vocês que o atual prefeito de Duque de Caxias se elegeu e/ou se manteve no poder às custas de inúmeros shows financiados com verba pública, com artistas famosos, showmícios megalomaníacos, muitos dos quais realizados para comemorar alguma façanha, um aniversário da cidade, a reeleição, a vitória de alguma coisa importante para ele. Quantos não foram os shows de música gospel autorizados pela Prefeitura de Duque de Caxias? Por quantas vezes não tivemos nossas ruas interditadas? Uma dessas vezes foi há duas semanas atrás, quando a Prefeitura autorizou a interdição da Avenida Brigadeiro Lima e Silva, no mesmo local da Parada LGBT, para a edição de uma grande feira de automóveis, num domingo ensolarado como o do dia 11 de outubro de 2009. Entretanto, diferente da luta pelos direitos LGBT’s, o mega feirão não foi cancelado! Quanto aos gestos obscenos, informo que esta palavra é um juízo de valor, e o senhor há de explicar o que significa “obsceno”. Para o senhor, “obsceno” pode ser dois homens se beijando em público e, por mais que o senhor ache que isso escandalize, prefeito, este ato É UM DIREITO! Os demais gestos que a lei impede de serem realizados (como a prática de sexo explícito, por exemplo) não são privilégios dos LGBT’s e caso acontecessem, caberia à segurança pública da cidade impedi-los. Conheço inúmeros heterossexuais que praticam sexo publicamente em momentos os mais variados e, nem por isso, a Prefeitura deixa de promover as micaretas, os shows evangélicos, os pagodões, as festas eleitoreiras. Mas o que nós queremos, José Camilo Zito dos Santos, não é o direito de praticar sexo explícito nas ruas de Caxias, mas o direito de andarmos nas ruas da cidade, sozinhos, inclusive, sem sermos apedrejados, injuriados, machucados ou MORTOS pelo fato de sermos lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
O cancelamento da Parada LGBT de Duque de Caxias foi um desserviço da Prefeitura de Duque de Caxias à população caxiense e, de maneira geral, a todos os fluminenses que lutam por uma sociedade mais igualitária e justa. E o senhor, como líder deste ato cruel – que impediu que as milhares de pessoas ali reunidas caminhassem pacificamente em busca de seus direitos – passou a integrar a rede de cúmplices pela morte de milhares de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros que têm suas vidas ceifadas simplesmente pelo fato de serem quem são. Eu, como cidadão, caxiense, professor, cristão e integrante da população LGBT, tenho vergonha de ter no Executivo da minha cidade o senhor como prefeito. No que depender de mim, Zito, nunca mais pisarás na Prefeitura de Duque de Caxias ou em qualquer outro órgão que possa lhe render algum cargo político. A cidade que acaba de ser palco da I Jornada de Educação LGBT, comete essa gafe histórica e nada educada, cujo agente principal é o senhor. E o senhor, prefeito, acaba de ganhar um opositor e, esteja certo, um opositor que não caminha sozinho. Para ti, no pleno exercício da minha cidadania, ofereço o meu desprezo e o meu asco, em nome da minha consciência que me faz cidadão, que me faz livre, que me faz viver dignamente toda a vida que ainda não me foi retirada por gente como o senhor.
A Avenida Brigadeiro Lima e Silva, onde ocorreria o evento, estava lotada. Os carros de som estavam preparados, a população em massa, concentrada. Milhares de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros reunidos, mas não puderam caminhar porque o prefeito da cidade, José Camilo Zito dos Santos, impediu o acontecimento do evento.
Ora, a fama de coronel do dito prefeito já é conhecida de velha data. Com seu discurso de cunho populista, muito mal acabado, conseguiu se eleger ano passado novamente, após um recesso de 4 anos que interrompeu seu duplo exercício na prefeitura, após os 8 anos ininterruptos em que se manteve no poder executivo da cidade. Entretanto, a resposta deste cidadão (?) ao povo que o elegeu não possui outra palavra senão TRAIÇÃO. Zito traiu o pacto que todo governante precisa ter com o seu povo. Isto porque, em uma democracia, o que é do povo é do povo! Não há líder político algum que pode impedir. E os direitos da população LGBT são algo que está sendo reivindicado pelas lésbicas, pelos gays, pelos bissexuais e transgêneros de Duque de Caxias, cidadãos e cidadãs e pagam seus impostos, muitos dos quais sem possuir o luxo e a riqueza que o seu Excelentíssimo Coronel-Mor possui. Zito dá migalhas a porcos! Zito acha que os cidadãos e cidadãs caxienses merecem não mais que ruas enfeitadas de azul e amarelo, meio-fios pintados de um mostarda sem-graça e sem sabor, pontos de ônibus redesenhados e instalados sem necessidade, asfalto, show e obra. Não, prefeito, como diz a canção, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte (...) a gente quer saída para qualquer parte (...) a gente quer bebida, diversão, balé (...) a gente quer a vida como a vida quer”. Mas a nossa vida tem sido ceifada por não poucos homofóbicos – classe da qual o senhor sem dúvida participa – que, se não atuam diretamente, apoiam a prática homofóbica, inclusive porque se omitem diante dela.
Qual o motivo para impedir a 4ª Parada LGBT de Duque de Caxias? A resposta veio ainda durante a concentração do evento: o prefeito se mancomunou com um grupo de evangélicos da cidade, os quais lhe teriam prometido aliança para sua futura candidatura ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. E o que vem dessa corja evangelical não poderia ser algo diferente do que a condenação dos LGBT’s, não apenas ao Inferno, mas ao inferno que é viver à margem da sociedade, com seus direitos negados, alijados dos privilégios que sempre foram ostentados pelos heterossexuais (como o direito à liberdade de amar a quem quiser, o direito de beijar quem quiser, o direito de feliz, de dar carinho, de viver a vida como a vida quer...). Este motivo, contudo, não é oficial, mas é provável que tenha seu fundo de verdade, sobretudo se considerarmos a ambição do prefeito em questão. Contudo, o que há que se analisar é o pronunciamento oficial da Prefeitura, que é sobre ele que geramos os nossos argumentos e podemos nos posicionar. O prefeito impediu a Parada LGBT porque o evento causa muitos transtornos à cidade, e que os homossexuais fazem gestos obscenos em público. Em primeiro lugar, gostaria de informar a todos vocês que o atual prefeito de Duque de Caxias se elegeu e/ou se manteve no poder às custas de inúmeros shows financiados com verba pública, com artistas famosos, showmícios megalomaníacos, muitos dos quais realizados para comemorar alguma façanha, um aniversário da cidade, a reeleição, a vitória de alguma coisa importante para ele. Quantos não foram os shows de música gospel autorizados pela Prefeitura de Duque de Caxias? Por quantas vezes não tivemos nossas ruas interditadas? Uma dessas vezes foi há duas semanas atrás, quando a Prefeitura autorizou a interdição da Avenida Brigadeiro Lima e Silva, no mesmo local da Parada LGBT, para a edição de uma grande feira de automóveis, num domingo ensolarado como o do dia 11 de outubro de 2009. Entretanto, diferente da luta pelos direitos LGBT’s, o mega feirão não foi cancelado! Quanto aos gestos obscenos, informo que esta palavra é um juízo de valor, e o senhor há de explicar o que significa “obsceno”. Para o senhor, “obsceno” pode ser dois homens se beijando em público e, por mais que o senhor ache que isso escandalize, prefeito, este ato É UM DIREITO! Os demais gestos que a lei impede de serem realizados (como a prática de sexo explícito, por exemplo) não são privilégios dos LGBT’s e caso acontecessem, caberia à segurança pública da cidade impedi-los. Conheço inúmeros heterossexuais que praticam sexo publicamente em momentos os mais variados e, nem por isso, a Prefeitura deixa de promover as micaretas, os shows evangélicos, os pagodões, as festas eleitoreiras. Mas o que nós queremos, José Camilo Zito dos Santos, não é o direito de praticar sexo explícito nas ruas de Caxias, mas o direito de andarmos nas ruas da cidade, sozinhos, inclusive, sem sermos apedrejados, injuriados, machucados ou MORTOS pelo fato de sermos lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
O cancelamento da Parada LGBT de Duque de Caxias foi um desserviço da Prefeitura de Duque de Caxias à população caxiense e, de maneira geral, a todos os fluminenses que lutam por uma sociedade mais igualitária e justa. E o senhor, como líder deste ato cruel – que impediu que as milhares de pessoas ali reunidas caminhassem pacificamente em busca de seus direitos – passou a integrar a rede de cúmplices pela morte de milhares de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros que têm suas vidas ceifadas simplesmente pelo fato de serem quem são. Eu, como cidadão, caxiense, professor, cristão e integrante da população LGBT, tenho vergonha de ter no Executivo da minha cidade o senhor como prefeito. No que depender de mim, Zito, nunca mais pisarás na Prefeitura de Duque de Caxias ou em qualquer outro órgão que possa lhe render algum cargo político. A cidade que acaba de ser palco da I Jornada de Educação LGBT, comete essa gafe histórica e nada educada, cujo agente principal é o senhor. E o senhor, prefeito, acaba de ganhar um opositor e, esteja certo, um opositor que não caminha sozinho. Para ti, no pleno exercício da minha cidadania, ofereço o meu desprezo e o meu asco, em nome da minha consciência que me faz cidadão, que me faz livre, que me faz viver dignamente toda a vida que ainda não me foi retirada por gente como o senhor.
Léo Rossetti
Se você também repudia a atitude do prefeito de Duque de Caxias, assine esse manifesto e repasse a seus amigos por e-mail.
2 comentários:
É de um extremo absurdo e falta de caráter do prefeito e de todos os outros envolvidos no cancelamento do evendo na cidade.
Que na próxima edição e em todas as seguintes, seja em Duque de Caxias ou em qualquer outro lugar, não nos seja negado o direito de nos manifestarmos contra a morte que muitos desejam para nós.
Gostaria de saber se há, em Caxias, alguma Igreja Inclusiva. Sou evangélica desde criança, mas estou afastada da presença de Deus por não ser bem aceita em igrejas convencionais. Eu sei que na Cidade do Rio de Janeiro tem a CCNE. E em Duque de Caxias? existe alguma?
Postar um comentário