Um outro Rio mostra a voz nas urnas - por Leandro Rosetti.
Se tem um cronista para o qual eu tiraria o chapéu, não poderia citar outro nome senão Lima Barreto. Há quem o tome por cronista e interprete suas crônicas escritas no início do século XX como um amálgama entre História e Literatura, misturando, nos meandros do texto, situações de cunho ora jornalístico, ora ficcional. Eu penso um pouco diferente. Acho mesmo que a grande paixão de Lima Barreto era a História, e não pensem que digo isto com alguma parcialidade, porque para tanto não há qualquer motivo. Um dos livros de Lima Barreto – obra póstuma publicada em 1923 – chamava-se “Os Bruzundangas”, uma coletânea de crônicas onde, dizem alguns, o escritor relataria, lançando mão de um belíssimo recurso literário, um país fictício, o que alguns intelectuais mais dados às Letras dizem hoje ser metáfora do nosso encantado e maravilhoso Brasil. Mas eis um segredo! O país dos bruzundangas existia, sim! Como existe ainda hoje, escondidinho em um canto qualquer do nosso planeta. Não é literatura, ...