sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Igreja Inclusiva, Católicos e Protestantes - Por Diego Leonardo





“Onde o Amor e a Caridade: Deus aí está!”


Pensei em diversas formas de começar esse texto. Refleti em versículos bíblicos, em alguns trechos do Catecismo da Igreja Católica e em mais outra gama de opções. Porém, essa frase supracitada que faz a vez de refrão de um hino muito conhecido pelos católicos romanos que freqüentam a liturgia da Semana Santa não saía da minha mente. Enxerguei nisso uma revelação de Deus: Deus habita onde deixamos Ele habitar!
Parece “sem pé nem cabeça” começar um texto que pretende falar sobre o “chamado” daqueles que defendem a causa inclusiva e a experiência que estou vivenciando como católico romano praticante com a Comunidade Betel. Mas creio que não e vocês verão isso caminhando comigo ao longo dessas palavras.
Como católico praticante que sou, vou à missa todos os domingos, gosto de ler os documentos e pronunciamentos da Igreja de Roma. Particularmente sou apaixonado pela Liturgia, em sua história, reformas e constituições. Tenho sede da Graça, da Palavra e de Esperança.
Sempre professei ardentemente a minha fé, defendendo, como afirmavam os documentos doutrinários da Igreja de Roma há algum tempo atrás, que “fora da Igreja Católica não existe salvação”. Com essa súmula, achava-me portador da verdade de Cristo e sempre baseava todos os meus preceitos nas leis que regem os católicos romanos. Mas um grande baque na minha vida pastoral fez com que eu parasse e pensasse em todo esse autoritarismo e conhecimento de verdades como algo que não tem valor.


Em meio a todos os conflitos pelos quais passei, conheci a causa inclusiva. Choquei-me. Perguntava a mim mesmo: “Como é possível ser cristão desse jeito?”. Até que a convite do meu amigo Gustavo, resolvi participar de um culto na Comunidade Betel. Não posso negar, sentia-me feliz, por saber que todos louvavam a Deus sem necessidade de “máscaras”. Sentia-me também confuso, porque tudo aquilo me parecia um grande sonho e não uma realidade pautada nas palavras do Senhor tirano que eu conhecia, que julgava e jogava no “lago de fogo” aqueles que não seguissem o que “Sua Igreja” dissesse.
O tempo foi passando e continuei pronunciando minha fé católica romana. Porém, sectado de todo trabalho que eu fiz por quase 10 anos (isso mesmo, tenho 21 anos e dos meus 10 até os meus 19 anos exerci ministérios particulares) passei a participar das missas sentado no banco, sem voz e nem vez.
Nos dias de hoje, vou a missa de manhã e ao culto à noite. Não me sinto nem um pouco menos cristão católico por isso. Sou Igreja! E Cristo, que é Senhor e Cabeça desse Corpo Místico lindíssimo não é Senhor dessas idéias e loucuras que o pecado implantou, ao longo dos séculos, na cabeça daqueles que deveriam “apascentar as ovelhas” em vez de “atar pesados fardos em suas costas”.
Por tudo que descrevi acima, talvez sem muito embasamento teológico, doutrinário e bíblico, como eu esperava, posso dizer: o Deus que amamos, que é Amor, só habita onde há amor e caridade. Não se pode “honrar o Senhor com os lábios e o coração estar cheio de amargura” contra o outro. E por vezes essa amargura é só porque o outro é diferente. Não podemos ser cristãos se não nos amarmos como devemos, sem necessidade de parâmetros e causas, afinal, a grande causa que nos une é o Cristo. Ele que é adorado, honrado e glorificado em nossas liturgias, tanto Católico-Romana quanto Reformada. Ele é o Senhor do nosso tempo e da nossa história. Ele, que como diz o Apocalipse, “É, era e há de vir”. Sim, ele virá. Talvez não como todos nós fomos ensinados, que no fim dos tempos Ele voltará, mas nos pequenos que precisam de esperança e não tem porque nossas comunidades eclesiais os colocam às margens, como na época de Jesus.
Enfim, hoje tenho um Senhor que está em paz comigo e eu em paz com meu Senhor. Afirmo, com toda convicção: sou Católico, mas antes, sou de Cristo!
Que Ele nos una como pediu ao Pai: “Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste”(João 17, 21).
Somos diferentes: religião, cor, orientação sexual, pensamentos. Mas antes de sermos diferentes, devemos ser um, para que o Deus habite no meio de nós, pelo amor e a caridade.


Católico Apostólico Romano Inclusivo,
Diego Leonardo Parreira Teixeira



“O nosso testemunho de crentes é obscurecida pela divisão da cristandade. A dor pela falta de uma unidade certa para todos os cristãos deve-nos estimular cada vez mais a buscar e a encontrar no diálogo os caminhos rumo à unidade na verdade e no amor.”
(Papa João Paulo II)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

2010: O ANO DE RAABE, A MERETRIZ




Rev. Márcio Retamero* – Comunidade Betel

Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu em paz os espias”. Hb 11.31

Enfim, é carnaval! Neste país tropical, abençoado por Deus, diz a voz do povo que o ano só começa após a “Folia de Momo”. Sendo assim, daqui alguns dias, 2010 finalmente terá início na Terra de Santa Cruz.

Por isso, somente agora trago a minha proposta à igreja inclusiva. Sabemos que virou moda, principalmente nos arraiais neopentecostais, dedicar o ano a um personagem bíblico ou a um tema que eles consideram relevante. Isso não é novo! A Igreja Católica Romana faz isso não é de hoje. Por exemplo, para a Igreja Católica Romana, estamos no “Ano Sacerdotal”, pois é sesquicentenário do padre S. João Maria Vianney, o “Cura D’Ars”.

Na Igreja “Apostólica” Renascer, 2010 será o “Ano de Pedro”; na INSEJEC (Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo), liderada pela “Apóstola” Valnice Milhomens, é o “Ano do Tributo a YHWH”; na igreja do “paipóstolo” (é, existe isso sim!) Renê Terra Nova é o “Ano da Resposta Impossível”; para Helena Tannure, ligada ao ministério da Igreja Batista da Lagoinha, 2010 será o “Ano de busca”... Enfim, para uns será o “Ano de Davi”, para outros, o “Ano da Prosperidade” e assim, cada grupo vai “decretando”, “declarando profeticamente”, suas dedicações no ano de 2010.

Sendo assim, venho apresentar minha proposta à Igreja Inclusiva. Seja o ano de 2010, para nós, o “Ano de Raabe, a Meretriz”. Você conhece a história de Raabe?! Não?! Então abra a sua bíblia no livro de Josué, capítulo 6. Abriu?! Eis ai a história da nossa Raabe! Leia e volte aqui para continuar lendo minha proposta.

Em todas as Escrituras, somando o AT e o NT, Raabe é citada sete vezes. No NT, é citada em Mt 1.5; Hb 11.31 e Tg 2.25. A passagem da Carta aos Hebreus você pode ler ali em cima, no cabeçalho deste texto. Vejamos o que diz Mt 1.5: “Salmom gerou de Raabe a Boaz...” Tiago: “De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?”

Raabe, a meretriz, sempre é elogiada nas Escrituras, tanto no AT como no NT. Por ter ajudado os espias de Israel na tomada de Jericó, foi salva e salvou sua família por este gesto. Após a tomada de Jericó, integrou-se à comunidade de Israel, sendo a primeira mulher estrangeira e rameira a conseguir tal façanha. Casou-se, no entanto, sempre que as Escrituras falam dela, vejam o NT, sempre a chamam de meretriz, ou seja, prostituta.

Raabe: mulher, rameira e estrangeira, era triplamente excluída pela religião mosaica. João Calvino seja nos seus comentários bíblicos, seja na sua obra maior, “As Institutas da Religião Cristã”, sempre que falava do povo hebreu, chamava-o de “Igreja Antiga”. Então, sendo assim, como calvinistas, também podemos dizer que no caso de Raabe e de muitos outros excluídos, a “Igreja Antiga”, a comunidade do povo de Deus no AT, era também, igreja inclusiva.

Lemos no Evangelho segundo S. Mateus, logo no primeiro capítulo, o nome de Raabe, a meretriz. Segundo a tradição judaica, Raabe é tetravó do Rei Davi e como Jesus Cristo é descendente de Davi, Raabe, a meretriz, é ascendente de Jesus, ou seja, está na linha genealógica (segundo a carne), de Jesus. Isso mesmo! Jesus descende também de uma rameira.

Tiago elogia Raabe e seu feito. Para ele, o advogado das obras mediante a fé, Raabe foi justificada diante de Deus, porque ajudou o Seu povo na conquista da Terra da Promessa.

Na galeria dos “heróis da fé”, do autor da Carta aos Hebreus, somente duas mulheres foram dignas de serem nomeadas: Sara, mãe do patriarca Isaque e Raabe, a meretriz. Se bem que, no grego, língua original da Carta aos Hebreus, se lido ao pé da letra o versículo 11, temos: “Pela fé Abraão, junto com Sara”... À rigor, portanto, a rameira é a única mulher que “brilha” sozinha, na galeria dos heróis da fé.

Eu creio que você já está entendendo onde quero chegar e porque estou propondo que a Igreja Inclusiva tome o ano de 2010 como o “Ano de Raabe”.

Esta triplamente excluída, pela Graça de Deus, foi incluída no povo de Deus, na comunidade de fé, na “Igreja Antiga”, como diria Calvino. Não é esta nossa missão? “Eu vim buscar e achar o que se havia perdido”. “Não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes”. “As ovelhas que o Pai me deu, ninguém as arrebatará de minha mão”. “Ide às ovelhas perdidas da Casa de Israel” – palavras de Jesus, que nos deu a sua missão, que nos confiou o seu legado e que nos enviou aos quatro cantos da terra.

A Igreja Inclusiva só cumpre seu papel, só responde sim ao chamado que ela tem da parte de Deus, se não se afastar da sua missão. Quando a Igreja Inclusiva se afasta de sua missão e segue exemplos outros, como o exemplo dos lobos que visam somente as lãs que cobrem as ovelhas, a Igreja, se usa o título de “Inclusiva”, deve abrir mão deste título, pois caiu da sua missão e razão de ser.

Nós, da Igreja Inclusiva, não podemos reproduzir o que de nefasto as igrejas exclusivas e fundamentalistas praticam. Nosso chamado, neste sentido, é “profético”, pois temos que denunciar, admoestar, exortar às igrejas que se corromperam que voltem à Graça de Cristo Jesus, que a ninguém exclui, desde os tempos da “Igreja Antiga”; antes, inclui os excluídos na comunidade de fé sejam rameiras ou não!

Seja, pois, para nós, os cristãos que incluem o ano de 2010 dedicado ao cumprimento pleno de nossa missão: o “Ano de Raabe, a meretriz”. Seja assim, para honra e glória do Senhor e para a edificação da sua Igreja Inclusiva! Amém.



* Márcio Retamero, 35 anos, é teólogo e historiador, mestre em História Moderna pela UFF/Niterói, RJ. É pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro - uma Igreja Protestante Reformada e Inclusiva -, desde o ano de 2006. É, também, militante pela inclusão LGBT na Igreja Cristã e pelos Direitos Humanos. Conferencista sobre Teologia, Reforma Protestante, Inquisição, Igreja Inclusiva e Homofobia Cristã. Seu e-mail é: revretamero@betelrj.com.





segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE LEITE EM PÓ




A COMUNIDADE BETEL está realizando, durante todo o ano de 2010, a CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE LEITE EM PÓ, para as crianças soropositivas da Casa de Magdala, na cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Você pode doar em todos os cultos da COMUNIDADE BETEL, pois, sempre nos  primeiros dias do mês seguinte, as doações serão entregues às crianças da Casa de Magdala.


Como fazer?
Sempre às quintas, às 19:30 ou aos domingos, às 19:00, na sede da COMUNIDADE BETEL.
Praia de Botafogo, 430 -sobreloja - Botafogo, Rio. (Templo da Igreja Presbiteriana da Praia)


Mais informações:
21 3353-2784
revretamero@betelrj.com