sexta-feira, 17 de julho de 2009

A BÍBLIA SEM PRECONCEITOS...





Hoje, 16 de Julho de 2009, fui assistir ao Seminário “A Bíblia sem Preconceitos”, na minha Universidade (UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com Palestra do Rev. Marcos Gladstone, da Igreja Cristã Contemporânea, Marcelo Natividade, antropólogo daquela instituição e do Prof. André Senna, do Dep. de História.

Quem me conhece sabe das minhas divergências e dificuldades em relação à teologia do Pr. Marcos, que a meu ver altera a concepção original, histórica, de Igreja Inclusiva, abarcando dentro do pacote doutrinas neo-pentecostais anti-históricas, tais como a teologia da prosperidade, a quebra de maldição, a autoridade espiritual, além de um pseudo puritanismo sexual extremado.

Mas a questão aqui não são as minhas divergências teológico-partidárias com o Pr. Marcos, mas o tremendo impacto que tive com o Seminário. Não exatamente com o seminário em si, que no todo foi positivo, embora creia eu, que o Pr. Marcos necessite de uma preparação teológica maior para encarar audiências como aquela; mas, o que me impactou negativamente foram as manifestações extremadas de homofobia naquele lugar. Foi realmente assustador, e diante de atos como os que presenciei quaisquer divergências de partido ficam em segundo plano.

Pra começar, logo que foi dada a oportunidade da assistência se manifestar, levantou-se um rapaz, Guilherme, “assembleiano roxo”, segundo palavras do próprio, com o dedo em riste, bradando ao máximo de sua voz, citando apocalipse e condenando ao inferno “adoradores de imagem” [palavras dele] e os que praticam “promiscuidade sexual”, que segundo o mesmo, contém a “prática” homossexual. No fim de seu monólogo, Guilherme, ainda alterado, diz que não considera o Rev. Marcos um pastor, mas um herege!

Pensei que a segurança daquela instituição fosse agir naquele momento, em vista de tamanho desrespeito. Mas o que foi feito foi um posicionamento do Prof. Senna, muito emotivo e pouco científico a meu ver, e do próprio pastor.

O que se viu em seguida foi um bando de declarações homofóbicas e infantis, do tipo que já conhecemos: “Deus criou Adão e Eva, e não Adão e Ivo”, de pessoas que se comportavam como se estivessem numa arena e não num ambiente acadêmico.

A cada declaração “cristã”-homofóbica uma menina, nos fundos do auditório, gritava como se estivesse na Assembléia de Deus da Penha: “Amém!”, “Glória a Deus” e afins...

A agitação era tanta e tantas as mãos levantadas para expressar sua homofobia naquele auditório lotado, que derrepente, a mesma menina dos “aleluias”, do fim do auditório, no meio de uma fala do Prof. Senna sobre as origens históricas do moderno homoerotismo, bradou: “O seminário é sobre a Bíblia sem preconceitos e vocês estão enrolando...”

Creio que vocês possam se colocar no meu lugar e sentir a tristeza que senti, uma enorme vontade de chorar diante de tamanha ignorância, de tanto desrespeito dentro de uma Instituição consagrada e reconhecida no mundo inteiro como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Os comentários que ouvi de onde estava sentado me deixavam cada vez mais desconfortável. Como negar a existência real da homofobia, mesmo dentro do ambiente acadêmico? Como negar ser a Igreja a mãe desse bando de lunáticos robotizados para o desrespeito e desamor?

Ao fim fui dar meus cumprimentos ao Pastor Marcos, deixando claro para o mesmo que, apesar de todas as nossas diferenças, enormes diferenças, eu estava em oração por ele, e como não estaria?

Saí dali e fui pra casa, e em todo caminho, dentro do metrô, meus olhos em todo instante se enchiam d’água e de tristeza. Mas eu creio no Deus que nos chamou, e quando digo isso incluo todas as igrejas e ministérios inclusivos, para lutar exatamente contra esse mar de ódio e intolerância persistentes nessa nação. Lutar para não permitir que nenhuma alma mais se perca através do suicídio, consciente ou inconsciente, ou pela falta de amor de si próprio.

O Senhor nos chamou, entre tantos outros, ele nos chamou, mesmo diante de nossa incapacidade e limitação, foi a nós que Ele chamou. E o que nós faremos com esse chamado? O que faremos pelas vidas dos que estão se perdendo com a mensagem de morte da igreja do status quo?

A resposta está dentro de cada um de nós, cabe a cada um pensar e decidir-se pela morte, pregada pela Igreja, ou pela Vida, que advém da Vida.

Que o Senhor Jesus nos dê as armas de Paz necessárias para este combate, e nos dê forças para não desistirmos no Caminho.


Triste, porém alegre
E Caminhando sempre...


Gustavo,
Servo.

12 comentários:

O Relojoeiro disse...

O que mais choca nessa situação, além de vivermos em um meio acadêmico hipócrita, é que todos bradam a dizer que não "aceitam a homosexualidade" e nem a "toleram". Como se ao negar o fato ele fosse deixar de existir. Ser homosexual não é um problema, as pessoas que o tornam assim ao se posicionartem de forma extremada. Ninguém está pedindo para aceitar nada, não há o que tolerar, ninguém está pedindo nada de mais a ninguém, cada um vive como desejar. Se há um respeito pela itegridade alheia não há uma "ameaça". Acho que está na hora de refletirmos e decidirmos se vamos seguir o que nos dizem, ou o que lemos, ou se vamos seguir o que pensamos, pois o preconceito é antes de mais nada uma coisa simples: falta de penamento próprio

O Relojoeiro disse...

O que mais choca nessa situação, além de vivermos em um meio acadêmico hipócrita, é que todos bradam a dizer que não "aceitam a homosexualidade" e nem a "toleram". Como se ao negar o fato ele fosse deixar de existir. Ser homosexual não é um problema, as pessoas que o tornam assim ao se posicionartem de forma extremada. Ninguém está pedindo para aceitar nada, não há o que tolerar, ninguém está pedindo nada de mais a ninguém, cada um vive como desejar. Se há um respeito pela itegridade alheia não há uma "ameaça". Acho que está na hora de refletirmos e decidirmos se vamos seguir o que nos dizem, ou o que lemos, ou se vamos seguir o que pensamos, pois o preconceito é antes de mais nada uma coisa simples: falta de penamento próprio

Nato Lopes disse...

Homosexualidade não é um problema, as pessoas o tornam assim ao se referirem a ele de uma forma extremada. Muitos dizem que não "aceitam" a homosexualidade. Ninguém está pedindo para aceitar, não há o que aceitar, o que todos querem é respeito indepente da opção sexual, gosto etc. Preconceito é uma doença sintomárica que indica a falta de pensamento prórpio. Temos que decidir o que seguir, se é seguiremos o que nos falam ou se seguiremos o que pensamos por nós mesmos.

Eduardo Peret disse...

Gustavo, quero declarar minha solidariedade com seus sentimentos. É cruel a forma como as pessoas, na sua ignorância, confundem o verdadeiro fundamento cristão com conceitos artificiais, induzidos por lideranças que desvirtuam os valores bíblicos. E não interessa a tais lideranças diminuir a ignorância; elas só querem mantar seu poder sobre a massa de fiéis.

Essas pessoas só enxergam o pecado, o erro, a danação e a punição, esquecendo-se do mandamento fundamental do Amor, passando uma idéia completamente errada do Cristianismo ao mundo e gerando ainda mais preconceito, tanto contra as pessoas LGBT quanto contra sua própria religião.

Cris Carvalho disse...

Fiquei muito feliz ao saber que você escreveu sobre o seminário que organizamos. Meu amigo Peret foi quem me disse sobre vc.
Lamento apenas que não tenhas expressado sua opinião em meio ao debate, como membro justamente de uma igreja inclusiva. Poderia ter contribuído em muito com as causas debatidas ali.
O pastor, muito bem preparado, inclusive espiritualmente, junto com a igreja que fundou, aceitou o desafio de se expor em um ambiente insólito, com provocações e críticas. Penso que em uma hora como essa, outras igrejas/membros poderiam fazer o mesmo e sair de blogs ou militâncias em ambientes fechados e propícios. Meu caro, dar a cara a tapa não é fácil. Precisamos que pessoas esqueçam suas diferenças e se posicionem mais e falem menos. Porém entendo que a influência de militância partidária afasta um pouco de nossos propósitos religiosos mais fundamentais, que é levar a palavra de Deus, pagando o preço de um enfrentamento. Por favor, encare como uma crítica para todos nós.
Gustavo, realmente foi surpreendente o que ouvimos por lá. Declarações homofóbicas e infantis, sem fundamentações.
A emoção do Prof. Senna traduz como os membros da Igreja Cristã Contemporânea são, abraçando e defendendo as idéias em um ambiente de união, fé e comunhão com o nosso pastor. Em alguns momentos o que menos importava era a cientificidade.
Fomos para arena, sim, meu caro. Que sirva de exemplo e experiência, pois defendemos o amor incondicional por Deus.
Percebo que nem todas as mãos levantadas eram de homofóbicos. Ouvimos palavras de muita condescendência e o silêncio de alguns nos mostrou falta de argumentos. Para outros, falta de coragem.
Mas não nos sentimos tristes. O evento foi um sucesso para nós. Deus nos abriu um caminho e quem está por ele será sempre um vitorioso.
Meu irmão em Cristo, faça realmente o que vc escreveu aqui no seu blog: lute para não permitir que pessoas se percam no caminho por serem simplesmente homossexuais e .....faça a diferença!
Um abraço para ti.

Cris Carvalho
Organizadora do seminário “A Bíblia sem preconceitos na UERJ” e membro da Igreja Cristã Contemporânea.

Luiz Gustavo disse...

Querida Cris,
Paz pra vc!

Obrigado pelos comentários e pelas críticas, mas cabem algumas respostas.
Em primeiríssimo lugar, não sei se percebeu, esse Blog não é de nenhuma Igreja Inclusiva, mas meu, e possuo CPF e endereço fixo, falo por mim e não por igreja alguma.
Sou sim co-fundador de uma Igreja Inclusiva, A Comunidade Betel do Rio de Janeiro (2005/2006), assim como estou no movimento da Inclusão desde 2001, na antiga Igreja Bethesda. Sou um dos co-fundadores também da antiga Igreja da Comunidade Metropolitana do Rio de Janeiro (2004), que após a exclusão do pastor Marcos Gladstone do rol do clero daquela Igreja, tornou-se a Igreja Cristã Contempôranea, em Abril (e não Setembro de 2006), sua igreja, na qual vc congrega. Servi como Secretário Administrativo da igreja liderada pelo teu pastor, por um ano, e fui membro por dois anos, e por isso, conheço-o muito bem e sei do que falo quando critico sua falta de preparação em sentido teológico, advinda da sua formação insuficiente. E tal falta de preparação ficou nítida em todo "debate" pseudo-acadêmico que ali aconteceu. Evidente que tivemos frutos positivos daquela baderna toda, afinal muita gente ali descobriu a Inclusão, que não foi fundada pelo seu pastor, não sei se você sabe disso, mas já existe desde os anos 60 quando o Rev. Troy Perry fundou a Igreja da Comunidade Metropolitana, a mesma que antecedeu a Contemporânea antes da exclusão do pastor Marcos e seu desligamento do rol do clero.
Por isso, creio que vc esteja sendo injusta quando deixa soar que não coloco minha "cara" à tapa. Você não sabe, tenho certeza, o que foram as origens do movimento inclusivo no Brasil, do qual eu participei ativamente, desde o princípio.
Quanto às divergências político-partidárias, tenho certeza que vc não entendeu o que quis dizer. "Político" e "partidário" se referem à posições teológicas específicas e não à partidarismo político de legendas (PMDB, PT e afins). Falo de posicionamentos teológicos, e os meus, FALO POR MIM E NÃO POR IGREJA ALGUMA, não são convergentes com a pregação emocionalista neo-pentecostal adotada atualmente (é bom salientar) pelo teu pastor.

Sobre a cientificidade, não se pode perdê-la nunca em troca de um emocionalismo barato, pois emocionalismo não convence o intelecto. Usar argumentos como "Jesus te ama e eu também, apesar de seu preconceito" e além de tudo num ambiente acadêmico, não passa de cantilena para justificar falta de profundidade na defesa.
Pra finalizar, quanto ao teu argumento em defender o emocionalismo, acima da cientificidade, clamando para isso a unidade de pensamento e comunhão da tua Igreja, tenho a dizer o seguinte: FALO POR MIM, como disse algumas vezes, e se todos os membros da tua igreja pensam uniformemente, sem divergências e contrapontos ao discurso do teu pastor eu lamento muito! Sabe porque? Porque é da diversidade que nasce a riqueza do conhecimento, ainda mais dentro do ambiente eclesiástico. Tenho certeza que não posso falar em nome da minha igreja, pois ela não é uma massa acéfala e robotizada, pré-programada para um discurso, quase ao estilo neo-russelita. Falo por mim, sempre... afinal tenho CPF...

Seu coió partidário-emotivo é bem vindo, sempre é! Só me enriquece cada vez mais.

No mais, Paz pra vc!

Gustavo,
falando por mim, como cidadão maior de idade, vacinado e consciente!

Luiz Gustavo disse...

Querida Cris,
Paz pra vc!

Obrigado pelos comentários e pelas críticas, mas cabem algumas respostas.
Em primeiríssimo lugar, não sei se percebeu, esse Blog não é de nenhuma Igreja Inclusiva, mas meu, e possuo CPF e endereço fixo, falo por mim e não por igreja alguma.
Sou sim co-fundador de uma Igreja Inclusiva, A Comunidade Betel do Rio de Janeiro (2005/2006), assim como estou no movimento da Inclusão desde 2001, na antiga Igreja Bethesda. Sou um dos co-fundadores também da antiga Igreja da Comunidade Metropolitana do Rio de Janeiro (2004), que após a exclusão do pastor Marcos Gladstone do rol do clero daquela Igreja, tornou-se a Igreja Cristã Contempôranea, em Abril (e não Setembro de 2006), sua igreja, na qual vc congrega. Servi como Secretário Administrativo da igreja liderada pelo teu pastor, por um ano, e fui membro por dois anos, e por isso, conheço-o muito bem e sei do que falo quando critico sua falta de preparação em sentido teológico, advinda da sua formação insuficiente. E tal falta de preparação ficou nítida em todo "debate" pseudo-acadêmico que ali aconteceu. Evidente que tivemos frutos positivos daquela baderna toda, afinal muita gente ali descobriu a Inclusão, que não foi fundada pelo seu pastor, não sei se você sabe disso, mas já existe desde os anos 60 quando o Rev. Troy Perry fundou a Igreja da Comunidade Metropolitana, a mesma que antecedeu a Contemporânea antes da exclusão do pastor Marcos e seu desligamento do rol do clero.
Por isso, creio que vc esteja sendo injusta quando deixa soar que não coloco minha "cara" à tapa. Você não sabe, tenho certeza, o que foram as origens do movimento inclusivo no Brasil, do qual eu participei ativamente, desde o princípio.
Quanto às divergências político-partidárias, tenho certeza que vc não entendeu o que quis dizer. "Político" e "partidário" se referem à posições teológicas específicas e não à partidarismo político de legendas (PMDB, PT e afins). Falo de posicionamentos teológicos, e os meus, FALO POR MIM E NÃO POR IGREJA ALGUMA, não são convergentes com a pregação emocionalista neo-pentecostal adotada atualmente (é bom salientar) pelo teu pastor.

Sobre a cientificidade, não se pode perdê-la nunca em troca de um emocionalismo barato, pois emocionalismo não convence o intelecto. Usar argumentos como "Jesus te ama e eu também, apesar de seu preconceito" e além de tudo num ambiente acadêmico, não passa de cantilena para justificar falta de profundidade na defesa.
Pra finalizar, quanto ao teu argumento em defender o emocionalismo, acima da cientificidade, clamando para isso a unidade de pensamento e comunhão da tua Igreja, tenho a dizer o seguinte: FALO POR MIM, como disse algumas vezes, e se todos os membros da tua igreja pensam uniformemente, sem divergências e contrapontos ao discurso do teu pastor eu lamento muito! Sabe porque? Porque é da diversidade que nasce a riqueza do conhecimento, ainda mais dentro do ambiente eclesiástico. Tenho certeza que não posso falar em nome da minha igreja, pois ela não é uma massa acéfala e robotizada, pré-programada para um discurso, quase ao estilo neo-russelita. Falo por mim, sempre... afinal tenho CPF...

Seu coió partidário-emotivo é bem vindo, sempre é! Só me enriquece cada vez mais.

No mais, Paz pra vc!

Gustavo,
falando por mim, como cidadão maior de idade, vacinado e consciente!

Rev. Marcio Retamero disse...

Lamento, profundamente, a reação dos religiosos fundamentalistas homofóbicos, diante do exposto no Seminário "A Bíblia sem Preconceitos", na UERJ.

Não tenho dúvidas que a homofobia tem mostrado a sua cara quanto mais a gente mostra a nossa e isso fica bem mais rude quando nos identificamos como gays cristãos e como membros de uma igreja inclusiva que prega o Evangelho como ele realmente é: para todos.

Por outro lado, é positivo que seja assim, que aconteça o confronto, pois dele pode vir o desmascaramento de toda questão em torno da Bíblia e da homossexualidade.

Contudo, não creio que o emocionalismo seja o caminho para que este entendimento aconteça. Este entendimento só contece quando a razão prevalece sobre a emoção. Temos argumentos sólidos e muito sérios sobre o assunto. Argumentos que derrubam os argumentos dos fundamentalistas homofóbicos. Na hora do confronto, sei que não é fácil, é preciso manter a prevalência da razão.

Outra coisa muito importante e que pra mim soou como uma crítica nada positiva da parte da irmã Cris, da Igreja Contemporânea: uma igreja inclusiva que não seja militante, não deveria organizar seminários pretensamente acadêmicos, pois quando vamos pra Academia, o que se espera, é ciência sim e muito bem fundamentada, caso contrário, o que acontece é o enfrentamento surdo-mudo e o descambamento para as emoções.

Outra: a militância nunca é político-partidária. Quando usamos este adjetivo, significa a militância em algum partido: PDT, PT, PSDB e não é o caso! As igrejas inclusivas que eu conheço e que militam, não são afiliadas a nenhum partido político. Ao contrário, são supra-partidárias! No entanto, existe sim, uma militância junto aos outros militantes políticos, por causas políticas, como p.ex. a aprovação do PLC 122, que criminaliza a homofobia. E fico muito contente que a Igreja Contemporânea tenha se engajado na luta por este PLC junto à militância e outras igrejas inclusivas.

Por fim, é preciso uma leitura atenta do Novo Testamento quando o assunto é Igreja e Estado, ou Igreja e Política. No livro dos Atos dos Apóstolos, principalmente, percebemos o quanto a igreja enfrentou, com respostas sólidas, com preço de sangue, os poderes constituídos. Este é o nosso exemplo por ser uma igreja que não fica apenas nas quatro paredes de um templo, mas que vai às ruas e clama por justiça e por igualdade e fraternidade. A Igreja é e deve ser sempre, sob pena de pecar por omissão, a consciência do Estado.

É isso que o Novo Testamento nos ensina.

Me solidarizo com os irmãos ultrajados pelos homofóbicos.

Léo Rossetti disse...

Eu acho que é preciso haver o entendimento de parte da "inteligentsia" eclesiástica inclusiva do Rio de Janeiro, no sentido de compreender que nem toda a terra onde se pisa é terra santa. A Universidade é o local ideal para trazer debates como esse (da matéria) à tona, e me surpreende muito que os acadêmicos da UERJ se posicionem desta forma homofóbica e ignorante. Na verdade, nem tanto, se considerarmos as origens dos graduandos e de seus cursos. Podemos perceber que neles existe uma massa de evangélicos fundamentalistas, tentando ganhar um pouco mais do seu pão de cada dia, com a conclusão do nível superior (?). Eu espero que todos esses ataques tenham sido de calouros, no máximo. Porque ainda há a esperança de que ao longo dos semestres, as luzes do conhecimento e da razão se manifestem dentro das cabecinhas acéfalas e ignorantes. Conheço de perto muitos que concluíram a universidade muito mais esclarecidos do que quando entraram. A começar por mim...
Por outro lado, é legítimo da parte dos cursistas manifestar quaisquer opiniões a respeito de um debate, se é que o evento se propõe a sê-lo. Nesse sentido, a organização do evento precisa estar muito bem fundamentada científica e intelectualmente. Do contrário, à mais boçal das opiniões contrárias à sustentada pelos palestrantes pode levar os preletores ao vexame e ao constrangimento. E é preciso encarar de frente, crítica e conscientemente, quando esses momentos acontecem. Assumir as falhas é mais honesto do que lograr os louros do insucesso; esse papo de que "fomos atacados mas Deus fez a obra naquele evento MESMO ASSIM", pra mim, é desculpa de quem não possui humildade. Deus não tem que fazer obra nunhuma na Universidade. Esse papel cabe ao Reitor, que, aliás, precisa urgentemente consertar umas canaletas e umas rachaduras do prédio, antes que tudo venha tudo a baixo. Deus faz obra na Igreja, e quando eu digo Igreja, não me refiro a templos e denominações. A bem da verdade, Ele faz a obra onde quer. Mas se Ele permitiu a existência nesta Terra de momentos e locais em que posições laicas sejam discutidas, havemos de respeitar a vontade do Criador, vamos combinar! Mesmo porque Ele deve se interessar muito mais pelas discussões laicas que pelas religiosas. Nada mais piegas para Deus que a religião criada pelos homens. Fato é que a Universidade é parte do Estado, não é local para proselitismo religioso. Cada um na sua, cada crente com seu Olorum. Cabe a nós, seres humanos pensantes, inteligentes, críticos e racionais, reconhecermos o nosso lugar e o nosso espaço. Não dá pra sair pisando em em qualquer chão, a esmo, pensando que o mundo é a extensão da igreja. Isso é fundamentalismo religioso, o mesmo que gerou os ataques homofóbicos contra os nobres palestrantes. É preciso estar atento à separação entre Igreja e Estado. E a Igreja Inclusiva (e justamente porque é inclusiva) não pode colaborar para que essa fusão aconteça em maior ou menos escala, mesmo que, a princípio, tenha a melhor das intenções, queira fazer o bem, falar de Deus e de seu Amor, enfim. É preciso que haja menos proselitismo e mais preparo intelectual e científico nos próximos debates. Somente assim podemos tirar a sandália (da arrogância) dos pés, porque a terra onde pisaremos será terra santa. Santa porque é separada. Separada porque é consciente. E é justamente ela, a Consciência, a nossa Terra Prometida, por onde devemos caminhar e lutar pela justiça na distribuição do leite e do mel, alimento para todos e todas, sem distinção, sem acepção.

[Farelos e Sílabas] disse...

...


Perguntei-me desde o início ao vir aqui se deveria escrever mais. Não deveria. Mas o farei pelo exercício da participção. O que foi dito está bem dito. Emocionalidades só traduzem a falta de argumento. Quando não se tem, finge-se que tudo o mais está bem. E a vida prossegue reverberando a sentença que um abismo chama outra abismo.

Não irei oferecer ao texto (ou a quem supostamente pretenda) credenciais de quem seja no aspecto do Movimento (aqui considerado na substantividade apenas pra não ser pleonástico com o texto naquilo que chamamos Inclusivismo). Não preciso de marketing. Há quem precise. Quem é, é. Quem de fato faz, torna-se reconhecido. Naturalmente...

Fato é que tudo o que li parece-me lamentável. E não me refiro apenas aos nichos homofóbicos aos quais, corrijam-me pelo suposto equívoco na compreensão dos fatos, soaram quase todos advindos do fundamentalismo religioso cristão ali presente e infantilmente articulado como se estivessem em plena Jihrad dos Evangélicos, pela Moral e pelos Bons Costumes (na visão deles, reafirme-se). Debate acadêmico não houve. Tentativa? Humm, não sei. “Ambiente insólito”, “Militância partidária”? “Propósitos religiosos”? “Sucesso”? Pelo amor de Deus! Aquilo lá é uma Academia do Saber e da Pluralidade do Pensamento! Trata-se de uma Universidade ou será que ninguém avisou aos desavisados que pra lá foram?

É óbvio que não comungo da defesa de que, em sendo ambiente pluralista, todas as coisas sejam permitidas. Não! Há que se ter respeito com a verdade do outro, seja o outro quem for! Isto, todavia, deveria ter partido da coordenação do evento (refiro-me à staff acadêmica).

Lamentável que o que se pretendeu realizar tenha se tornado um dês-serviço! Incluo aqui a própria Coordenadoria do Departamento e, quem sabe (não é uma afirmação, mas apenas uma conclusão de pensamento retórico), a Reitoria pela realização de eventos desse porte. Isto, claro, crendo que a organização e o convite foram inicialmente acadêmicos. A UERJ tem História e competência tecnicamente acadêmica para promover o alto nível em seus eventos. À vista dos fatos, o que parece ter sido aquilo? Sem palavras!

Há algum tempo atrás quando fui convidado pelo Departamento de Ciências Sociais da UERJ para participar da Mesa como palestrante num seminário sobre População de Rua no Rio de Janeiro, reafirmei a convicção que não apenas os palestrantes em si mas sobretudo a própria Mediação, que conduz a articulação com os estudantes e os debatedores, é de suma importância para a seriedade e a eficácia do evento. Sendo bem mediada, grupos podem se exaltar, porém são imediatamente calados com o respeito que se faz surgir da Mesa (a começar pelo preparo técnico de quem esteja sendo questionado em razão de algum ponto). Caso não ocorra, por alguma razão, há meios legais de evitar-se a transformação do debate acadêmico em folgança ou, pior ainda, embuste.

No mais, sem entrar no mérito do teor dos ataques verbais homofóbicos, estou ciente que é fruto da falta de argumentação. No entanto, tendo sido desferido contra indivíduos (e não dentro do contexto de debate e pluralidade de pensamento), cabe a apuração para os devidos procedimentos legais (e acadêmicos), que, inclusive, após ter sido feita a identificação, em sendo integrante do corpo Discente, poderá incorrer em exclusão dos quadros.

...

mvitorsol disse...

Promiscuidade e prostituição existe muito mais no mundo heterossexual do que no mundo homossexual. Aliás, os casamentos
e as atitudes heterossexuais que vemos por ae não tem sido exemplo pra ninguem...

O amor é que ninguem tem visto. Acredito que a linguagem do amor só se conhece quando se tem amor.

E o amor é o fim da lei de Deus...
Hoje eu acredito que Deus pode unir duas pessoas do mesmo sexo e entrar na relação.

O que muita gente não compreende é que Deus não esta submetido a lei alguma... ele mata ou dá a vida, tira de quem quiser pra dar pra quem ele quiser porque tudo é dele...
Deus faz o que Ele quer... só que existe uma característica propria de Deus, ele é justo e não abre mão.

Ele jamais irá justificar os heterossexuais pra condenar os homossexuais.

Acredito que independente de sermos heterossexuais ou homossexuais se insistirmos em ficarmos longe de Cristo Jesus, estamos longe de Deus.

Mas se buscarmos a Ele, com sinceridade, Ele se revela a nós e realiza o desejo dos nossos coraçoes.

A biblia foi feita numa época em que o nome homossexual nem existia. Deus quando olha pra nós, olha o nosso interior e não o nosso exterior.

Mas o mais importante de tudo, não é conhecer a biblia mas vivê-la. e para vivê-la vc tem que ter intimidade com Deus.

tem muita gente ae que se vangloria de conhecer a biblia mas intimidade com Deus não tem nenhuma.

Jr.

Patrícia Valentina C. R. Greco disse...

Amados irmãos, posso concluir que apesar da diversidade de pensamento, os interesses são os mesmos no evento da UERJ: de posicionamento em favor da causa da homossexualidade cristã e/ou de difundir a ideia e a verdade contida no propósito de "a Bíblia sem preconceitos" para que todos tenham o seu lugar ao sol e no objetivo de combater a homofobia, manifestando a inclusão social e religiosa sem preconceitos e discrimnação. Enfim, parabenizo o trabalho, apesar de tudo. Crescimento e amadurecimento são adquiridos com o tempo, assim como o entendimento e conhecimento a serem adquiridos dos que nos contradizem e combatem. Porém, o amor entre os cristãos deve prevalecer, inclusive, o respeito, senão, as nossas igrejas inclusivas chegarão a se contenderem umas contra as outras e o propósito divino não será alcançado ou pelo menos será desvirtuado, como vemos acontecer com tantas denominações evangélicas que contendem entre si e contra os outros evangélicos ou outros cristãos e religiosaos. Amemos uns aos outros e de todo o coração como Ele nos ama e respeita.
Visito esse blog e solidarizo com todos que favoravelmente se manifestaram em prol da causa contra a homofobia e em favor do Evangelho de Jesus Cristo.
Com respeito, exorto com amor e peço ao Espírito Santo que continue a lhes abençoar ricamente com sua graça, misericórdia, conhecimento e amor.
Paz a todos, em nome de Jesus!
Irmã Patrícia Valentina.